sábado, 25 de julho de 2009

Cinco dedos de prosa


EU ESTAVA DROGADA

"Eu estava drogada!

É só o que posso dizer em minha defesa."

Eu sempre fui um bom menino, bom aluno, bom amigo. Até me revelei um bom amante (na minha própria opinião). Sempre disposto a ajudar, nunca dei importância a bens materiais. Sempre disposto a dar o que era meu aos outros.

Não sei dizer ao certo quando e porque foi que decidi desistir de mim. Quando foi que, ainda pior, comecei a me sabotar, a me desacreditar, a me diminuir.

Quando, e exatamente quando, perdi minha pouca simpatia, meu pouco talento, quando desaprendi a escrever?

Nenhuma dessas perguntas, em minha mente, encontram respostas que não sejam justificadas em erros alheios. Projeto, muito simplesmente, todos os meus defeitos nos deslizes dos outros. Sempre encontrando formas de me justificar e não me penalizar por nada, tenho uma profunda compaixão e pena de mim mesmo.

Se por um lado, repito ao vento, quantas vezes se fizerem necessárias, o quão forte e valente fui em minha própria educação, o quanto eu não medi esforços para elencar bons princípios e valores. Por outro, esquivo-me quando sou questionado, do porquê abandonar um filho já criado, eu mesmo. De como fui capaz de abandonar-me à minha própria sorte. De que maneira permiti que o mundo me transformasse em uma vítima.

Não roubo, não uso drogas, sou honesto, não tenho inimigos. Porém, tenho defeitos tão maiores que transformam estes vícios em virtudes. Não sou capaz de guardar nem mesmo meus segredos, de viver um sonho sequer até que ele se concretize. Desacredito qualquer nova possibilidade. Estremeço de tédio a cada nova conquista, nunca valorizo o que vem de mim.

O pior, não sou capaz de corrigir-me com rigidez, ou pedir ajuda.

Entreguei minha vida ao nada. Não sou mais digno nem de minha própria convivência...

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Só para desengasgar!

Sobre isso só uma vez escrevi, desencadeado por um conflito no trabalho, por conta dos comentários de uma mãe...
Não vale a pena repetir aqui a história sôfrega do escárnio...


HOMOFOBIA

Homofobia:

Ele é Boy ou Bia?

Homo ou Homem?

Ele dá ou come?

Homofobia:

O quanto me faz mal?

Quando deixei de ser igual?

Meu mundo não é o real.

Homofobia:

Tá, de noite.

Mas, o que faz de dia?

Homofobia:

Trabalho noite e dia.

Tento, mais que os outros, fazer direito

Me espremo no mundo estreito.

Homofobia:

Atende na sacristia?

Corta cabelo,

É professor

Ou trabalha na enfermaria?

Homofobia:

Marca própria, de pia.

Meu trabalho atrapalha,

Amolece minha fala

Meu quadril embala.

Homofobia:

Dolorosa mania,

A culpa é de quem cria.

Homofobia:

Se eu não fosse isso,

O que eu seria?

Homofobia:

Ele é desde quando?

Em que canto?

Homofobia:

Não virei, nem fui virado

Apenas fui bem criado!

Homofobia:

E quando criança,

Já entrava nessa dança?

Homofobia:

Perdi minhas irmãs!

De meus pais já não sou fã.

Homofobia:

Ele usa brincos!

É, mas, ainda tem pinto!

Homofobia:

Se me perguntam, minto:

__Oh, não. Já não sinto...

Homofobia:

Até respeito.

Mas, ele tem peito!

Homofobia:

Eu já até lutei,

Mas contra o mundo, não sei...

Homofobia:

Mora com homens

Não tem família.

Homofobia:

Em casa eu sou mudo

Na rua um escudo.

Homofobia:

Se ele é julgado?

Não, já sabemos o seu pecado.

Homofobia:

Mesmo quando parado

Por seus olhos sou taxado.

Homofobia:

Eu não tenho dúvida ou esperança,

Desde que longe de minhas crianças

Homofobia:

De minha vida excluí a utopia

Se pudesse pelo resto dela choraria.

Homofobia:

Preconceito? Eu não,

Só simpatia!

Homofobia:

A dor da traição

Sinto logo desde então.

Homofobia:

Não quero julgar!

Desde que ele eu possa fazer calar!

Homofobia:

Corta minha garganta,

Depois de tanto tempo,

Minha alma ainda espanta.

Homofobia:

Tá aceito, é seu o direito.

Mas, longe do meu peito!

Homofobia:

Longe dos seus olhos,

Dentro de minha alegria!

WENDEL MOREIRA DE OLIVEIRA (03/06/2008)


In the closet


Para começar a comemorar o que não deve ser festa de comemoração!
Mas, talvez uma reunião, movimento, revolução!
Quero lembrar agora do que eu não vi!
Para não ter que esquecer do que senti!
Não quero ser errado ou direito, nem mesmo aceito.
Não quero ter medo dos medos de outros tempos.

Para saber mais,
do que ficou lá atras!
Um pouco de história, do meu povo,
ou da escória?

.

A Rebelião de Stonewall foi um conjunto de episódios de conflito violento entre gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros e a polícia de Nova Iorque que se iniciaram com uma carga policial em 28 de Junho de 1969 e duraram vários dias. Tiveram lugar no bar Stonewall Inn e nas ruas envolventes e são largamente reconhecidos como o evento catalizador dos modernos movimentos em defesa dos direitos civis LGBT. Stonewall foi um marco por ter sido a primeira vez que um grande número de gente LGBT se juntou para resistir aos maus tratos da polícia para com a sua comunidade, e é hoje considerado como o evento que deu origem aos movimentos de celebração do orgulho gay



Conta a história que foi a travesti Sylvia Rivera, revoltada com a repressão policial contra os frequentadores do lendário bar Stonewall Inn, quem atirou o primeiro coquetel molotov nos policiais. Na época, os bares da cidade eram chantageados pela máfia, em especial os do bairro de Greenwich Village, onde se concentrava a comunidade GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) e ficava o Stonewall. Como os proprietários não se dobravam ao crime organizado, o bar era alvo de constantes e violentas batidas policiais. Naquela noite não foi diferente, a polícia prendeu quem lá se encontrava e em seguida destruiu o local.



terça-feira, 21 de julho de 2009

Enquanto não vou

Bom este não era para ter se tornado um meio particular de expressão de sentimentos a um único leitor, mas, é quase o que está acontecendo. Mas, como poesia não é para ser entendida, acredito que todos a entenderão! Enquanto não respondo:

Cale-se

Bêbado
Peço um pouco
Da porção
Da poção do seu copo
E sei que posso possuir uma outra vida.
Parca de emoção potente em feridas.

Penitente é sua mão
Açoita minha sina
Traduz em perdição a paixão clandestina
Destrói ao coração com popular prosa de partida

Mas bebo a sua bainha
E dentro do seu copo cuspo minha pulsação sanguínea
Embriagado pelo seu corpo, por sua história
Perpetuo os projetos de meu destino
Possesso de planos passionais.
Pula e salva-se de apatronar meus princípios

E em mais um gole, desatino
Parto para uma nova parte
Da existência que abre as portas da prisão de minha cabeça
Para a liberdade cativa de minhas experiências.


WENDEL MOREIRA DE OLIVEIRA (01/06/2008)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ed io te prterò

Bom, é sobre você o próximo som...
Depois do encontro, confronto, estou tonto
E não podia, e como já não o queria,
Deixar de escrever sobre você, sobre mim.
Mas como sempre fui assim,
Passivo, no momento do embate me mantive
Reflexivo e não lhe dei resposta, nem mesmo lhe olhei as costas:
Então aí vão palavras antigas que lhe respondem à sua cantiga:



Divida a dívida de vida


Duvido que na vida nossa
Tudo tenha sido divino
Nada dividido
Devido às dúvidas.

Devolva à minha vida
As dádivas devidas
As dúvidas vencidas
Devo duvidar do que é devido.

Devendo dividir o duvidoso
É que desvendo
Deveras devia doar
O que me vendia da vida dúbia.

Devolvo a dor que deu-me
Durante os dias divididos,
Partidos indiferentes,
Em diferentes domos partidos.

Domino meu dom.
De bondoso passo a desbancado.

Determine os dados
Desse domínio viciado!

Wendel Moreira de Oliveira (13/06/2008)
Oie, como já faz tempo que não posto e aposta que faz falta um poema. Lá vai, assim, sem mais nem menos:


Sen(S)ação

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Salvo seu
Sono, não
Há rapidez.

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Sua sina
se perde
óh, revezes.

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Se aprende,
Se esquece.
Há palidez.

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Se trabalha,
Se inala,
Eis a surdez!

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Celular,
Se lutar,
“Oh, não fez?!

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Se atina,
Se inclina.
É outra vez.

Solidão,
Solidez,
“Hora e vez”!

Há de não ser
Solidão, só,
Solidez!

WENDEL MOREIRA DE OLIVEIRA 13/10/2008